01 de outubro

Estou em falta com vocês.
A minha última postagem é do dia 22 de setembro, quando eu disse que não estava muito bem, em face do que tive de cancelar minha viagem.
Sempre tive em mente que este blog era para dar as boas notícias aos meus amigos e familiares sobre as coisas que eu estava conhecendo e os sentimentos que estes novos conhecimentos estavam gerando em mim.
Era para ser, então, uma coisa alegre. Daí porque eu não posto desde 22 de setembro.
De lá para cá as coisas não foram muito fáceis.
Licéa, muito embora tenha tido a generosidade de não prosseguir na viagem por causa do mal pelo qual eu passei, infelizmente é uma pessoa muito ocupada e seus compromissos a levaram de volta ao Brasil no dia 24 de setembro.
Pois bem... vi-me sozinha e não muito bem.
Este não muito bem foi evoluindo para um mal e depois para um muito mal.
Fui ao médico. Estou devidamente medicada. Ele foi atencioso e competente e, mesmo no dia seguinte ao da consulta, quando eu liguei para o celular dele, porque o bicho estava pegando, ele continuou atencioso e se dispôs a me atender quando fosse preciso.
Já estou começando a sentir que melhoro.
Tenho me obrigado a fazer caminhadas diárias, de cerca de duas horas, para ver se consigo me ajudar a recuperar mais depressa. Os remédios também ajudam, claro, mas como ele mudou toda a medicação preciso de um período de adaptação de cerca de dez dias, o que vai significar mais uns dez dias de posts escassos e de histórias engraçadas ausentes.
Não vou entrar nos detalhes "sórdidos" do que estou passando aqui, mas eu me sinto na obrigação de confessar que não tem sido fácil superar este mal estar sem nenhuma pessoa por perto.
Os amigos do Phoenix têm sido maravilhosos comigo, sempre me dando apoio e incentivo.
Minha irmã Simone também é incansável.
Rachid, meu filho postiço do Marrocos, fala comigo todo dia pela internet. E ontem, ainda por cima, tomei um esporro porque não apareci para dar notícias minhas para ele.
Minha comadre Nery, como sempre, tá por perto na hora em que eu preciso. Falei con ela ontem e ela me tranquilizou e me deu muita segurança.
Ontem falei pela webcam com a minha mãe, que não sabe de nada do que está acontecendo aqui comigo. Choramos, as duas, muitas vezes. Isto me aliviou um pouco.
Hoje cedo descobri que estava começando a me descuidar da casa e estou me empenhando em não deixar que isto aconteça, fazendo as devidas arrumações. Deste modo, ocupo meu tempo, enquanto não tenho condições de sair para passear, e ainda por cima dou um ar de casa a este apartamento tão legal (eu já considero ele minha casa, também).
O Rui diagnosticou bem o que eu estou sentindo: homesick... acho que é isto mesmo.
Hoje é dia 1º de outubro. Dia 20 de setembro completei seis meses fora de casa.
Saudades... não tem outra palavra para definir o que estou sentindo e a origem do mal que me afeta.
Agora falta um mês e 17 dias para eu começar a minha viagem de volta.
Meu objetivo, então, é me fortalecer para isto.
Se no meio deste caminho eu me sentir disposta a viajar e conhecer alguma coisa a mais, claro que eu vou. Se não estiver disposta, vou assumir a minha rotina aqui em casa, em Lisboa, me preparando para voltar para a minha casa verdadeira, em Belo Horizonte.
Assim, não se assustem se os posts escassearem. Não consigo fazer do ato de escrever aqui uma obrigação. O blog para mim é um prazer e quero que seja um prazer também para aqueles que o lêem.
Ah! Não me esqueçam.  Podem me mandar e-mails à vontade, me dando notícias do Brasil e de vocês. Isto me dá a sensação de que ainda estou viva nas duas dimensões.