quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pra dizer a verdade...

nao sei que dia eh hoje... se eh 24 ou 25 de novembro. Estamos no mar tem dois dias, sem ver terra, mas o mar estah muito calmo e a navegacao tranquila... tem um monte de atividades para fazer e estou procurando fazer todas para o tempo passar depressa e eu chegar logo em casa.
Muitas saudades

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

21 de novembro

Oi, people.
Hoje estou em Tenerife. Desembarcada e aproveitando o acesso na lan house que eh mais barato.
Em compensacao o teclado eh duro como um pau e nao consigo acertar nenhum dos acentos... ento vai assim mesmo.
Minha ultima postagem foi no dia 19 de novembro. Depois disto jah paramos em Las Palmas, nas Grn Canarias. Bonitinhoi. Dou os detalhes depois e mostro as fotos.
A guia era uma mala. Falo sobre isto com voces depois, tambem.
Soh quero dizer que estou bem e que a viagem estah correndo tranquilamente, muito embora ainda faca frio e esteja chovendo e ventando. Acho que o navio deve estar balancando mais do que o habitual, pois tem saquinho de vomitar pendurado em todos os corrimoes das escadas.
Jah fiz alguma camaradagem no navio e estou tranquila, sem traco daqueles problemas que tive em Lisboa.
Ontm conheci a Sonia, que eh viuva e mora em Doutados, no Mato Grosso do Sul. Ela tambem estah viajando sozinha. De repente, quem sabe daih nao nasce uma amizade bacana, neh?
Depois posto as historias completas, mas queria soh mesmo dar noticias.
Estou ansiosa por chegar em casa.
Beijos e saudades.

sábado, 19 de novembro de 2011

19 de novembro

Oi, pessoal.
Embarquei ontem.
Fiquei apenas tres horas na fila para o embarque... meus joelhos pareciam que iam explodir... muita chuva e frio em Lisboa.
O navio eh legal, muito embora eu tenha chegado nele semimorta.
Apenas participei do exercicio obrigatorio de emergencia, jantei e fui dormir... tava morta, mesmo!
Hoje acordei tarde e quando abri a cortina da varanda da minha cabine a primeira coisa que vi foi um arco-iris maravilhoso.
Ainda estah frio e de vez em quando chove.
Jah estou comecando a conhecer gente aqui.
...mas ainda me sinto cansada.
O navio eh muito bom e bonito. Vou tirar fotos para voces verem. Minha cabine, nem tanto. Fiquei um pouco decepcionada com ela... mas tah bom.
Hoje o mar estah jogando muito. Tem saquinho de enjoo em todas as escadas, mas nao passei mal... ainda, pelo menos.
Vou tentando falar com voces daqui sempre que der.
Bjaum e saudades

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

18 de novembro

Well, people.
A casa tá toda arrumada.
As malas estão prontas, só esperando para eu guardar este micro aqui, porque o outro já tá guardado.
Marquei de embarcar às 14:00 horas (já providenciei o táxi), porque acho que, como o pessoal do navio que vem de outros lugares vai fazer aquelas excursões de praxe em Lisboa, meu embarque fica mais tranquilo... navo mais vazio... menos stress...
Já confirmei com a Lineth - que trabalha para o "seu" Francisco, dono do apartamento, aqui e ela disse que antes das 13:00 horas estará aqui.
Acho que pensei em tudo... mania de perfeição, né?
De hoje até o dia 02 de dezembro nossos contatos não deverão ser muito amiudados, mas sempre que possível darei notícias. Como vocês sabem, a conexão no navio é muito cara e muito lenta. Deste modo, só um oizinho especial, de vez em quando e um resumo do que estiver passando comigo lá.
Sei que vou com Deus, porque Ele sempre tem estado comigo: ou caminhando ao meu lado ou, na maioria das vezes, me carregando.
Muitas saudades do meu filho, da minha terra, da minha casa...
So, see ya!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Aos meus amigos do Phoenix - 16 de novembro

Não vou explicar o que é o Phoenix... ficaria muito chato e longo e, na verdade, ninguém iria acreditar nas coisas que acontecem naquela irmandade.
O meu post de hoje é dedicado aos meus amigos do Phoenix:Maria Regina Jacob, Darci San Martin, Sandra Eiras, Rui Saraiva, Celso "Curu" Nobre, Zeca Machado e Fábio Bahia.
Meus queridos, hoje é dia 16 de novembro. Daqui a dois dias eu pego o navio para retornar para a minha casa em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Serão 14 noites de viagem e sei que nossos contatos não poderão ser tão amiudados, porque conexão de navio - vocês já viram isto na minha vinda - é muito cara!
Sei que vocês têm confiança de que eu vou fazer o possível para abrir esta minha munheca de samambaia e para dar pelo menos um alozinho ou colocar um post rápido, previamente digitado em word, sem foto, claro (porque também meu dinheiro não é capim).
Saí de Belo Horizonte há duzentos e quarenta e dois dias.
Deixei minha casa a cinco mil, oitocentas e oito horas.
Perdi o contato direto com os meus parentes há trezentos e quarenta e oito mil quatrocentos e oitenta segundos.
Estou geograficamente longe há vinte milhões, novecentos e oito mil e oitocentos segundos.
Contei mentalmente cada um deles, mesmo quando havia pessoas me acompanhando, coisas para conhecer e disposição para fazê-lo. No fundo, no fundo, acho que sou uma sentimental.
Algumas pessoas me apoiaram enquanto estive aqui. Umas vocês conhecem, como minha amiga, irmã e comadre Nery; a minha irmã Simone e alguns poucos outros que não seria exaustivo enumerar, mas que eu não quero fazer, porque correria o risco de esquecer alguém e cometer alguma injustiça. Fiz novas amizades por causa do blog, como com a Ketlin.
Ninguém, contudo, foi tão freqüente aqui no blog como vocês.
Ninguém, todavia, foi tão freqüente na minha casa como vocês.
Ninguém foi mais amoroso, solidário, consolador e presente na minha estada fora de casa quanto vocês, principalmente nos maus momentos, em que eu pensei que não ia agüentar o peso da solidão, as saudades de casa, a sensação de vazio e de esquecimento.
Tinha sempre uma mensagem para mim no Phoenix.
Tinha sempre alguém se lembrando de mim no Phoenix.
Este grupo é um grupo muito especial, a despeito de existirem, ainda, depois de cerca de uma década, pessoas que não se conhecem pessoalmente.
Somos muito parecidos... eu diria que somos iguais: todos nós renascemos, de alguma forma, em um ou em vários momentos das nossas vidas. É por isto que somos o Phoenix.
Renasci muitas vezes aqui pelo carinho, amor e atenção de vocês.
Depois de amanhã retomo o caminho para casa. Talvez a minha recém-visibilidade, aos poucos, venha trazendo para a normalidade a convivência com todas as demais pessoas que eu conheci recentemente em Belo Horizonte e todas aquelas outras que fazem parte da minha vida desde muito tempo.
Mas eu não podia deixar de dizer, especialmente para vocês que não teria sobrevivido e renascido aqui se vocês não existissem.
Amor é uma palavra muito pequena e pobre para dizer o que sinto por vocês, meus irmãos. Gratidão soa como coisa de mendigo numa hora profunda como esta, em que faço meu inventário emocional. Obrigada? ... é nada diante do tudo que vocês foram para  mim em vários momentos.
Façamos assim, então: já que o nosso dicionário é tão pobre nestas palavras ou, mesmo em não o sendo, a prostituição do uso destas palavras foi contaminada pela hipocrisia, pelo fingimento, pelas conveniências e pela superficialidade, deixemos apenas que nossas mãos, nossas pernas, nossos braços, nossas cabeças, nossos peitos e nossos corações permaneçam entrelaçados para todo o sempre, nesta vida e em todas aquelas outras que Nosso Senhor Jesus Cristo permitir que voltemos a nos encontrar.
Amo vocês. Desde sempre. E para sempre!

domingo, 13 de novembro de 2011

14 de novembro

Tem uns 3 dias mais ou menos que eu perdi a noção do tempo.
Hoje acordei e resolvi olhar que dia é e acabei me surpreendendo quando constatei que já é 14 de novembro.
Assim, só faltam 4 dias para o me embarque.
Está chovendo muito e o frio já está apertando e eu fico feliz, também por isto, de estar voltando para o Brasil dentro de tão pouco tempo.
Como eu sou uma pessoa mais ou menos organizada, minhas coisas estão praticamente todas arrumadas. A mala que eu  não vou abrir no navio já está pronta e também a bolsa de sapatos que eu não pretendo usar na minha viagem de volta.
A mala do navio está praticamente arrumada e não tenho roupa para lavar nem passar.
Estou ficando espertinha, agora... boba quase 54 anos... ai, ai, ai... e estou usando as roupas da mesma tonalidade para facilitar lavar tudo junto!
Neste final da minha estada aqui em Lisboa estou aprendendo a ser cinéfila.Já assisti uns 6 filmes, mais ou menos, nos últimos dias e tenho gostado da telona... pra dizer a verdade eu tenho preguiça de ir ao cinema, mas acho que isto é uma - e apenas uma - das coisas que aprendi aqui.
Aprendi, também, que não importa o quão você seja amado, porque o tempo e a distância são, para a média das pessoas, instrumentos muito eficientes para o esquecimento. Muitas vezes me senti "morta". Minha tendência é chegar à conclusão de que, de um modo geral, quando você perde a utilidade, perde também a visibilidade.
Mas existem coisas de que eu vou sentir muita falta.
Sei que às vezes vou desejar o silêncio que tenho aqui e também o "domínio absoluto" do meu território.
Aprendi a ser um pouco mais organizada e raras vezes vi minha casa lisboeta se transformar numa zona de bagunça.
Penso que nunca mais vou sentir a sensação de ver as figuras dos meus livros de História se agigantarem e tomarem dimensões 3D... foi a sensação mais fantástica que me aconteceu durante esta viagem. Dar "vida" à grande maioria daquelas fotos e desenhos que eu vi nos meus livros.
Sei, também, que de vez em quando vou querer parar no Alto do Parque, olhar para baixo e ver a estátua do Marquês de Pombal como que mergulhando no Tejo, num espetáculo tão lindo que eu só comparo com a minha alegria e fascínio ao ver o mar, todo dia, quando eu ia trabalhar em Vila Velha.
Vou sentir falta do metro, por incrível que pareça, e da facilidade de transitar, nele, por Lisboa. Todos os lugares deviam ter metro. O metro me incluiu aqui e fez com que eu me sentisse mais em casa.
Inesquecíveis e para sempre gravadas na minha cabeça as imagens do Miradouro de Santa Luzia, Castelo de São Jorge e Torre de Belém, dentre todas as coisas bonitas que vi aqui.
O Mosteiro dos Jerônimos, não sei porque, me remete ao tempo em que o Diego era criança e nós fazíamos castelos de areia na praia, enchendo a mão de água e areia e deixando que as duas, juntas, caíssem e fossem formando "estalagtites/estalagmites" daquele nosso palácio imaginário.
Gambas panadas de Cascais... meu Deus! Muito bom de verdade.
E também a viagem de comboio. Todas as viagens de comboio... as de curta e as de longa duração, exceto as que fiz na Itália.
A imagem indelével de Pompéia, tão majestosa e preservada e a imponência do Vesúvio.
Andar de bonde... coisa gostosa... autocarro (ônibus) não... não dei muita sorte com os ônibus. Ônibus para mim virou sinônimo de perder o rumo.
Sentar no Parque das Nações e ficar de bobeira olhando o Tejo ou, nas Docas, de cara pra cima admirando a Ponte 25 de Abril.
E muita, mas muita saudade mesmo, do Terreiro do Paço... meu canto e meu recanto aqui, abraçadinho com os Arcos e com a Augusta, onde eu adorei comer minha "sandes" de baguete com frango.
Daqui para o dia 18 de novembro vou acabar de arranjar minhas coisas e a casa, também, para deixar tudo arrumadinho, mas, para todos os efeitos, de certo modo, não estou mais aqui.
Meu coração já se elevou e começou seu vôo de volta, já que o corpo se recusa a voar de avião.
Mas eu sou aquariana... espírito inquieto... daqui a 10 anos terei 63 para 64 anos. Ficaria bem uma volta para um mesmo período, desta vez morando na Itália e visitando as coisas "de lá pra frente".
Vamos ver... planejar muito não, porque antes tenho um compromisso inadiável com Marta Machado e minha irmã Simone: vamos acabar de conhecer o Brasil, provavelmente em 2013, subindo pelo litoral e voltando pela Belém-Brasília.
Então... tô quase indo... o blog tá quase chegando no final... vai "morrer" novinho, com menos de um ano de existência, mas "ele" (o blog) pode dizer que enquanto viveu o fez intensamente.
Aliás, esta viagem foi da exaustão de coisas materiais. O netbook tá "pedindo água"... o notebook ficou com inveja e está indo pro mesmo caminho, minha máquina de fotografia já deu o que tinha de dar, meu celular naufragou na própria velhice e sentei em cima dos meus óculos.
Se for po$$ível, vou postando algumas coisas do navio, mas ainda volto aqui mais perto do dia da minha saída de Lisboa para falar um tiau e dizer que podem mandar faxinar minha casa e fazer umas comidinhas muito boas para mim que eu tô voltando.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

06 de novembro

Por acaso alguém aí notou que eu andei meio caladinha?
Pois é... como new cinéfila, anteontem fui assistir um filme chamado (aqui) 50/50. É um filme em que o cara descobre que tem um caso raro de câncer e, como diz a sinopse "com a ajuda do seu melhor amigo, da sua mãe e duma jovem médica, Adam vai descobrir o que a vida tem de mais importante".
Não preciso dizer que o filme mexeu comigo, né?
Primeiro, pelo câncer, que é um troço que eu ainda não digeri na minha vida, por causa do velho João Batista.
Segundo, porque me fez revivermuito do que eu vivi em 2008, quando tive o "problema", principalmente quando via aquele "melhor amigo" se virando de tudo quanto é jeito para tornar melhor a vida de um cara que era um morto em potencial.
Isto me deu muita saudade da minha comadre Nery e fiquei me lembrando dela quando eu estive doente em 2008 e da maneira como pude - como sempre pude (caralho! o enterro do meu pai foi ela que providenciou!) - contar com ela. Claro... com toda a minha família também... se não fosse o Humberto, meu cunhado, e sua desorientação, talvez eu não estivesse viva hoje.
Mas... deixei o tempo passar um pouquinho, mesmo porque saí do cinema no "glut...glut..." para não chorar e vim embora pra casa tentando não chorar e fiquei um dia inteiro pelo menos tentando nao chorar. O meu impulso era chegar aqui e escrever logo... botar aquilo tudo pra fora, mas resolvi esperar. Tenho um pouco de pudor em esfregar minhas feridas nas caras alheias.
E isto foi bom, porque eu comecei a me lembrar de algumas coisas engraçadas (agora elas são engraçadas) que me aconteceram em 2008, naqueles 22 dias em que estive hospitalizada.
Lembrei da idiota da Katia Gujansky falando no telefone com a Ellen, no dia que eu fui fazer o exame, que lamentava não poder ir junto, pois queria ficar rindo quando eu ficasse peidando depois (só uma cretina como a  Kátia teria uma idéia desta).
Me conscientizei (e me desculpem o "me" na frente, mas tem hora que ele "cabe", mesmo incorreto) de que não sei, nem me vi entrando na sala de cirurgia.
Lembrei de Nery e Licéa meio que me carregando para fazer um exame no Hospital Santa Mônica, antes da cirurgia e eu vomitando. E a Licéa, que a gente não pode falar nem bosta perto dela, porque ela tem nojo e vomita.
E por falar em vomitar, lembrei da primeira vez que meu irmão Fernando entrou na UTI. Eu de sonda naso-gástrica e a primeira coisa que eu fiz foi vomitar. Fernando filho da puta... foi dormir comigo e dormiu a noite inteira! hahahahahaha
Ah!  E por falar em primeira coisa, me lembrei da primeira coisa que a minha mãe me falou quando entrou na UTI pela primeira vez (eu devia estar sem comer a uns 6 dias, dos meus 11 dias de jejum total): "Minha filha, fiz uns biscoitinhos de polvilho hoje que ficaram uma maravilha e trouxe para o pessoal da UTI." hahahahahaha... caralho! eu quero um biscoito de polvilho daquele até hoje.
Lembrei daquela idiota daquela médica clínica geral, com cara de puta e o vestido enfiado no rego que queria me botar no soro de novo (depois de uns 17 dias) e, como eu não aceitei, ela me fez tomar não-se-quantos litros de água de côco a noite inteira. E, aí, da dedicação da minha cunhada Sandra, que tinha ido dormir lá comigo, me colocando para mijar (claro!) a noite toda... até que por fim eu concluí que era mais fácil botar fralda.
Lembrei da dedicação do Dr. Vauban - e acho que não era de medo de eu entrar com ação nenhuma contra ele - que ia me visitar até 6 vezes ao dia.
Lembrei daqueles idiotas daqueles enfermeiros que me injetaram antibiótico puro na veia e eu quase tive um choque anafilático.
A alegria de tomar o primeiro banho debaixo do chuveiro e lavar a cabeça.
O pânico quando entrou um moribundo que tinha tido um infarto.
Dois colegas que foram no hospital me pedir voto para uma campanha profissional (tem gente que é muito sem noção, né?).
A gracinha do Ulysses Gusman renovando minha licença para tratamento no IPAJM.
Eu andando de ambulância, para ir no hospital da UNIMED (Kátia junto...mas acho que ela tava no carro) pra ver se tava tudo legal para a minha alta daí a uns dias. E a indiferença das enfermeiras quando me sujei toda de merda e de líquido de contraste... passando ao largo daquela cama como se fosse um manequim que estivesse lá, sem sequer cogitar de trocar o lençol. Gente, é muita indigência... mesmo que não seja no SUS... indigência não de tratamento, mas de falta de sensibilidade e de solidariedade humana.
...mas...sobretudo... a melhor lembrança que eu tenho é da UTI... de quando acordei na UTI... de repente eu estava sonhando e senti um abraço morno... quase quente... e comecei a ir dando conta de mim mesma... e percebi que uma enfermeira (cujo nome eu não sei e nem sei se algum dia soube) estava me dando banho de leito... foi o melhor abraço que já recebi, porque ele me dizia assim: você tá viva!
Acho que é por isto que o 50/50 mexeu assim comigo.
Realmente... vivências assim mostram para a gente o que é realmente importante.
Não sei se virei uma pessoa melhor para os outros, depois daquela "problema". Eu sempre tive uma grande preocupação em ser uma pessoa boa para os outros.
Mas, com certeza, virei uma pessoa melhor para mim mesma.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

03 de novembro - Confissões

Acabei de chegar do El Corte Inglés com este post martelando na minha cabeça... inclusive o título: confissões.
Vinha me lembrando da minha fase Zé Mauro de Vasconcelos, quando li, dentre uma dezena de outros, o "Confissões de Frei Abóbora".
No livro ele diz: "Deus! Deus! Você é o maior filho da puta que eu conheço!"
E eu, naquela minha revolta adolescente da época, cheia de ares ateístas, puta da vida com Deus, porque ele não tinha se revelado aquela fada madrinha que me disseram que ele era e que não balançava a porra da varinha mágica para transformar a minha vida! Afinal de contas, alguém tinha me mentido: ou Deus não era aquilo tudo que me disseram ou, então, era balela que se eu fosse uma boa menina Ele seria bom comigo!
hahahahahaha
Hoje eu vinha pensando exatamente nisto... "Ele" (gostava mais quando escrevia Êle, me referindo a Deus... o circunflexo dava uma certa respeitabilidade ao Supremo Arquiteto do Universo) é realmente um fdp... um fdp do bem... um sacana... mas, principalmente um condutor de pessoas e destinos, umas coisas se misturando com as outras: às vezes os destinos das pessoas é apenas o seu interior.
E... aprendi!
Iniciei este blog, em fevereiro de 2011 (acho) com a intenção de dar a saber aos meus parentes e amigos como estava sendo a viagem, o que de novo eu estava vendo, como eu estava... coisas assim: pitorescas, engraçadas, micos...
Aos poucos fui descobrindo que estava escrevendo para mim própria e que a viagem - inversa à feita por Cabral - era uma volta para o meu interior.
Se vocês olharem bem, de uns tempos para cá as fotos vêm escasseando, para beneficiar os textos. Estou muito mais inspirada do que plástica.
Descobri que a agitação inicial por causa do blog foi esmorecendo e hoje recebo a visita de algumas categorias de pessoas: as que comentam e assinam; as que comentam anonimamente porque não sabem se cadastrar no blog; as que comentam e não assinam porque se esquecem, as que comentam em outras sedes, tipo o Facebook, por exemplo e as que não comentam porque têm vergonha, recato, pudor ou o que seja.
Descobri, mais, que viver em Lisboa é praticamente a mesma coisa que viver em Vila Velha ou em Belo Horizonte, desde que eu me disponha a dar uma passadinha pelo psiquiatra de vez em quando (mas isto eu faço em qualquer uma das três).
Descobri que a idade me está tornando cada vez mais eremita e, com tristeza, descobri que gosto disto.
Em contrapartida, descobri que aposentadoria não é ócio, nem é obrigação de fazer alguma coisa só para justificar que não se está ocioso.
Redescobri o prazer de andar a pé, devagar e olhando as coisas. Não dirijo desde o dia 18 de março de 2011. Será que ainda sei pegar num carro?
Reencontrei a minha disposição de andar por e para mim mesma: olhar vitrines, ir ao cinema, sentar no parque para ler ou fazer tricô.
Não preciso justificar minhas atividades - ou inatividades - nem para mim mesma, hoje em dia.
Descobri que amo meu filho, Diego, esteja ele em qualquer lugar do mundo que ele estiver e esteja eu em qualquer lugar do mundo que eu esteja. E que somos uma família tão pequenininha, nós dois, que caberíamos num dedal.
Muitas amizades verdadeiras afloraram.  Outras se solidificaram. Laços de parentesco se estreitaram e outros se afrouxaram ainda mais.
Descobri que posso "enfrentar" a indigência social e que, incoerentemente, ainda assim, mesmo me tornando uma ermitona (esta palavra existe?), isto me repugna. Hoje, quando eu ia para o El Corte Inglés uma pessoa passou de carro, buzinou para mim e abanou a mão. Depois (sou lesada mesmo) é que descobri que era uma das senhoras que vendem lembrancinhas de Portugal aqui no Alto do Parque. Fiquei feliz com aquilo... estou viva, afinal!
Fui ver outro filme hoje - Amor Estúpido e Louco (e morri de dar gargalhada sozinha no cinema) - e quando saí do cinema fui comprar meu indefectível sanduichinho da noite (tenho algum trauma... medo de passar fome de noite... acho que isto já me aconteceu em alguma "encadernação" passada...) dei de cara com um cara moreninho que atende na loja e ele olhou para mim, começou a sorrir (consegui enxergar as covinhas dele) e foi logo pegando os sanduíches que eu tenho costume de comprar.
Então não sou mais tão socialmente indigente quanto eu pensava que era.
Descobri, finalmente, que gosto da minha casa e que ela, com seus cheiros característicos, também me faz falta e que quero, profundamente, construir um jardim lindo e muito florido na Cuia.
Vou brincar de casinha, agora, em dezembro... com licença aos outros que têm atividades mais nobres para fazer.