Tem uns 3 dias mais ou menos que eu perdi a noção do tempo.
Hoje acordei e resolvi olhar que dia é e acabei me surpreendendo quando constatei que já é 14 de novembro.
Assim, só faltam 4 dias para o me embarque.
Está chovendo muito e o frio já está apertando e eu fico feliz, também por isto, de estar voltando para o Brasil dentro de tão pouco tempo.
Como eu sou uma pessoa mais ou menos organizada, minhas coisas estão praticamente todas arrumadas. A mala que eu não vou abrir no navio já está pronta e também a bolsa de sapatos que eu não pretendo usar na minha viagem de volta.
A mala do navio está praticamente arrumada e não tenho roupa para lavar nem passar.
Estou ficando espertinha, agora... boba quase 54 anos... ai, ai, ai... e estou usando as roupas da mesma tonalidade para facilitar lavar tudo junto!
Neste final da minha estada aqui em Lisboa estou aprendendo a ser cinéfila.Já assisti uns 6 filmes, mais ou menos, nos últimos dias e tenho gostado da telona... pra dizer a verdade eu tenho preguiça de ir ao cinema, mas acho que isto é uma - e apenas uma - das coisas que aprendi aqui.
Aprendi, também, que não importa o quão você seja amado, porque o tempo e a distância são, para a média das pessoas, instrumentos muito eficientes para o esquecimento. Muitas vezes me senti "morta". Minha tendência é chegar à conclusão de que, de um modo geral, quando você perde a utilidade, perde também a visibilidade.
Mas existem coisas de que eu vou sentir muita falta.
Sei que às vezes vou desejar o silêncio que tenho aqui e também o "domínio absoluto" do meu território.
Aprendi a ser um pouco mais organizada e raras vezes vi minha casa lisboeta se transformar numa zona de bagunça.
Penso que nunca mais vou sentir a sensação de ver as figuras dos meus livros de História se agigantarem e tomarem dimensões 3D... foi a sensação mais fantástica que me aconteceu durante esta viagem. Dar "vida" à grande maioria daquelas fotos e desenhos que eu vi nos meus livros.
Sei, também, que de vez em quando vou querer parar no Alto do Parque, olhar para baixo e ver a estátua do Marquês de Pombal como que mergulhando no Tejo, num espetáculo tão lindo que eu só comparo com a minha alegria e fascínio ao ver o mar, todo dia, quando eu ia trabalhar em Vila Velha.
Vou sentir falta do metro, por incrível que pareça, e da facilidade de transitar, nele, por Lisboa. Todos os lugares deviam ter metro. O metro me incluiu aqui e fez com que eu me sentisse mais em casa.
Inesquecíveis e para sempre gravadas na minha cabeça as imagens do Miradouro de Santa Luzia, Castelo de São Jorge e Torre de Belém, dentre todas as coisas bonitas que vi aqui.
O Mosteiro dos Jerônimos, não sei porque, me remete ao tempo em que o Diego era criança e nós fazíamos castelos de areia na praia, enchendo a mão de água e areia e deixando que as duas, juntas, caíssem e fossem formando "estalagtites/estalagmites" daquele nosso palácio imaginário.
Gambas panadas de Cascais... meu Deus! Muito bom de verdade.
E também a viagem de comboio. Todas as viagens de comboio... as de curta e as de longa duração, exceto as que fiz na Itália.
A imagem indelével de Pompéia, tão majestosa e preservada e a imponência do Vesúvio.
Andar de bonde... coisa gostosa... autocarro (ônibus) não... não dei muita sorte com os ônibus. Ônibus para mim virou sinônimo de perder o rumo.
Sentar no Parque das Nações e ficar de bobeira olhando o Tejo ou, nas Docas, de cara pra cima admirando a Ponte 25 de Abril.
E muita, mas muita saudade mesmo, do Terreiro do Paço... meu canto e meu recanto aqui, abraçadinho com os Arcos e com a Augusta, onde eu adorei comer minha "sandes" de baguete com frango.
Daqui para o dia 18 de novembro vou acabar de arranjar minhas coisas e a casa, também, para deixar tudo arrumadinho, mas, para todos os efeitos, de certo modo, não estou mais aqui.
Meu coração já se elevou e começou seu vôo de volta, já que o corpo se recusa a voar de avião.
Mas eu sou aquariana... espírito inquieto... daqui a 10 anos terei 63 para 64 anos. Ficaria bem uma volta para um mesmo período, desta vez morando na Itália e visitando as coisas "de lá pra frente".
Vamos ver... planejar muito não, porque antes tenho um compromisso inadiável com Marta Machado e minha irmã Simone: vamos acabar de conhecer o Brasil, provavelmente em 2013, subindo pelo litoral e voltando pela Belém-Brasília.
Então... tô quase indo... o blog tá quase chegando no final... vai "morrer" novinho, com menos de um ano de existência, mas "ele" (o blog) pode dizer que enquanto viveu o fez intensamente.
Aliás, esta viagem foi da exaustão de coisas materiais. O netbook tá "pedindo água"... o notebook ficou com inveja e está indo pro mesmo caminho, minha máquina de fotografia já deu o que tinha de dar, meu celular naufragou na própria velhice e sentei em cima dos meus óculos.
Se for po$$ível, vou postando algumas coisas do navio, mas ainda volto aqui mais perto do dia da minha saída de Lisboa para falar um tiau e dizer que podem mandar faxinar minha casa e fazer umas comidinhas muito boas para mim que eu tô voltando.