sexta-feira, 28 de outubro de 2011

29 de outubro - Glória e Itamar

Gente, parece brincadeira, mas são duas horas da manhã e eu não consegui dormir, ainda, de tanto pensar em uma família que foi muito amiga nossa quando éramos adolescentes/crianças.
Confesso que já me deitei duas vezes, liguei o aquecedor, porque aqui tá um frio do kct, li, vi TV, joguei... nada me fez dormir pensando nesses danadinhos.
Daí tive de levantar e vir aqui escrever sobre eles, senão minha mente não me dá descanso e não dorme enquanto eu não o fizer.
Meu processo de escrever é muito engraçado. Normalmente, eu "ouço" uma frase dentro do meu cérebro (psiquiatra nela!) e aquilo vai martelando, martelando e acaba formando o texto. Daí, enquanto eu não escrevo, fico em estado de vigília.
Vamos lá, então. Vou gostar de escrever sobre isto.
Primeiro eu tenho de explicar que  na minha casa sempre fomos muito incertos ou inseguros quanto a religião. Eu me lembro de que éramos obrigados a assistir a missa aos domingos para poder, depois ir para o Oásis Clube. Frequentamos o catecismo, fizemos a primeira comunhão e eu me lembro até de ter sido catequista na igreja da Lagoinha.
Mas eu acho que não era uma coisa muito assim integrada, tipo pai, mãe e filhos.
Pois... falou!
Quando chegou numa determinada época, minha mãe "virou" espírita e começou a frequentar um centro kardecista no bairro do Bonfim. Era à noite e um de nós sempre era obrigado a ir com ela.
Ora, não bastasse o Bonfim ser o bairro do cemitério, ainda ia meter espírito no meio. Eu me lembro que eu me borrava enquanto estava lá... mas éramos obrigados a ir... tipo o "habeas corpus" dela.
Depois, sei lá porque cargas d'água ela se tornou umbandista e passou a frequentar um centro espírita na rua Pitangui, que era do seu Didi.
Neste centro tinha um senhor chamado Itamar. Ele sempre muito ativo, atendendo a gente, muito caridoso, generoso, afável, educado... sei que acabamos a começar a nos relacionar com ele e com a mulher dele, a Glória.
Não sei como os filhos deles entraram nesta história, mas talvez em decorrência da amizade que se formou entre nossos pais.
Eram - ambos os casais - profícuos em filhos. Meus pais tinham eu (eu sei... o burro sempre por último, mas gosto de subverter a ordem), Ellen, Simone, Joãozinho e Fernando. Eles tinham Sérgio, Cláudio, Eduardo, Daniel, Fernando e Érica (não sei se o Daniel era mais velho do que o Fernando ou vice-versa).
O Sérgio era o homem da turma. Pouco nos relacionávamos com ele. Hoje, quando penso, imagino que ele fosse uns quatro anos mais velho do que eu o que, naquela idade, eu com uns 13 para 14 anos, me colocava na qualidade de uma fedelha em face de um adulto. Morreu jovem, de infarto. Acho que não tinha nem 30 anos... uma vozinha aqui dentro da minha cabeça está me dizendo que ele tinha 28 anos, mas juro que não sei se isto é  lembrança minha.
O Cláudio foi o que mais conviveu conosco. Um palhaço. Fazia a gente rir o tempo inteiro.  Exímio contador de piadas. Viajamos para o Barro Preto (Conceição da Aparecida - MG, uns 500 km de BH, mais ou menos) algumas vezes, juntos. Eu me recordo de uma vez que fomos 6 no fusquinha do Itamar: meu pai, minha mãe e Cláudio atrás e Itamar (dirigindo), Glória e eu na frente. A gente era muito doido mesmo... imagina!!! Viajar este tanto com 6 pessoas dentro de um fusca.
Tem também um lance que eu agora não me lembro mais se foi com o Cláudio ou com o Alessandro (um amigo de Anápolis - GO) e que aconteceu na estrada entre duas fazendas. A gente vivia trançando de uma fazenda para a outra e desta vez estávamos indo dormir sabe Deus lá onde. De repente o que eu não me lembro se era o Cláudio ou o Alessandro (que sumiu na bruma do tempo) veio meio saltitante e dizendo: "a minha também é cor-de-rosa". Como a Ellen estava de calcinha cor-de-rosa ou achou que estava, foi uma piada, seguida de imensos ataques de risos, porque ele estava falando era da escova de dentes que, nestas alturas, devia estar na mão, balançando por ali, no meio daquela névoa de bosta de vaca (engraçado, naquele tempo a escova de dente podia ficar dentro do banheiro, com a tampa do vaso aberto e ninguém falava em contaminação... como e(in?)voluímos!).
O Eduardo já era a cara do pai dele. Lindo, de olhos azuis. Eu achava ele um pouco parecido com o Sérgio. Todo cheio de trique-trique... um gentleman.
O Daniel, um querido, com aquele cabelo lisinho e aquela franjinha caindo por cima das sobrancelhas. O Fernando eu achava ele muito engraçado, mas não sei bem explicar porque. A lembrança que eu tenho é de que ele falava meio anasalado e eu me lembro perfeitamente do som dele falando da "tia Sininha".
Érica seguia a mesma relação minha no que toca ao Sérgio... era uma fedelha... hahahahahaha... ela devia ser uns 15 anos mais nova do que eu, mais ou menos... então, lá pelo meio da minha adolescência e início da idade adulta não tinha mais do que 4 a 6 anos.
Nas festas de final de ano (naquela época não se falava "reveillon") a gente ia para a casa do "seu" Antônio Macário, que ficava do lado da casa da mãe da Glória e uma lembrança viva que eu tenho na memória é o disco (hahahahaha... naquela época era disco, cara!) do tim Maia cantando na maior altura: "hoje é dia de Santos Reis... anda meio esquecido, mas é o dia da festa de Santos Reis..."
Acabei me perdendo desta gente querida que integrou por tanto tempo a minha vida. Não fui às suas formaturas, casamentos, batizados de filhos, aniversários...nada!
Quis Deus que o meu pai morresse no Espírito Santo e fosse enterrado lá, como era a vontade dele e o Itamar (eu acho que pouco tempo depois, em Belo Horizonte). Não nos encontramos nem nos enterros.
Glória e mamãe estão vivas até hoje pela graça do S.A.U.
Quando voltei para Belo Horizonte, depois da minha aposentadoria, acho que a primeira pessoa que visitei - antes mesmo da minha tia - foi a Glória.Vocês não imaginam que alegria for retomar aquela história, não no momento em que ela parou, porque o tempo é inexorável, mas no tempo certo fixado pelo homem lá de cima e ver como ainda existia (e existe) amor, harmonia e unidade entre nós. Sem contar que filei a bóia lá duas vezes e estava deliciosa.
Depois que eu vim para Lisboa, tem uma semana, mais ou menos, mandei um recado para a Érica, pelo Facebook, porque tinha sonhado com o Cláudio a noite inteira.Nem sei o que que era o sonho, se era bom, se era ruim. Só achei esquisito porque eu tenho um sono tão pesado QUANDO e DEPOIS que durmo que nunca me lembro dos meus sonhos... nem o que era e nem quais eram os personagens... mas ela me tranquilizou e me disse que estava tudo bem.
Hoje, também não sei explicar porque, a lembrança desta família querida não me deixou dormir e estou eu aqui (e agora já são mais de três da madrugada) lembrando destas coisas que nos aconteceram.
Talvez seja porque sou uma pessoa meio apátrida, no que diz respeito aos amigos. Eu fui embora para o Espírito Santo aos 26 anos de idade, deixando para trás meus amigos de infância, meus colegas de escola e de faculdade e acabei perdendo o contato com praticamente todos eles. Aliás, fiquei super, ultra, mega feliz quando o Rubio Carneiro Moreira, que tinha sido meu colega de faculdade me encontrou pelo site do MPES.
No momento em que eu me adaptei no Espírito Santo, adquiri novos amigos - alguns do coração, como a minha comadre Nery, por exemplo - completei o tempo para a aposentadoria e voltei para Belo Horizonte.
Assim, não sei onde andam meus amigos de infância e colegas de estudos e sei que os amigos que fiz na vida adulta - pessoal e profissional - estão a 530 km de Belo Horizonte.
Já combinei com os "meninos" da Glória e do Itamar que têm facebook que assim que eu voltar para Belo Horizonte, em dezembro, vamos nos encontrar para relembrar um pouco daquelas histórias e rir muito delas. Confesso que estou ansiosa para isto, que para mim soa a resgate de um pedaço da minha identidade estilhaçada.
Quem sabe não foi por isto - por esta ansiedade contida, por esta antecipação - que eu tenha ficado pensando neles quase a noite inteira?
Então, se foi... me esperem, pessoal. Tô voltando!

28 de outubro

Ontem mesmo eu falava com vocês da dificuldade de falar e entender o português de Portugal e meus muitos micos e desentendimentos.
Hoje me aconteceu uma engraçada.
Eu tinha ido almoçar lá no restaurante do namoradinho de Nery e depois do serviço feito resolvi perguntar pra ele sobre o horário de verão, porque eu tinha ouvido um blá-blá-blá que o horário de verão aqui ia terminar no último domingo de outubro.
Daí, como eu não tinha pra quem perguntar e nem sei se eles anunciam isto aqui na TV resolvi perguntar pro namoradinho de Nery, mesmo... afinal, somos íntimos... além de ele ser meu compadre em potencial já tem uns 6 meses que eu como lá quase todo dia.
Entonce... perguntei... por favor, o senhor pode me informar se o horário de verão termina neste final de semana?
E ele: como?
Eu: o horário de verão.
Ele: nós não temos horário de verão.
Eu: ué... não entendo, então, porque a diferença de fuso do Brasil para Portugal é de três horas e estamos com quatro horas de diferença.
Ele: eu já ouvi dizer que na Espanha eles usam este horário de verão, mas nós aqui vamos continuar trabalhando normalmente (até porque aqui é outono e não verão, né, porra?)
Eu: ai, graças a Deus... então não vou ter de mexer no horário do meu relógio!
Ele: vai, sim... no domingo, às 2 da madrugada, a senhora tem de atrasar o relógio em uma hora. Todo ano é assim.
Não me perguntem como se chama o horário de verão, aqui. Só saibam que a partir das duas da madrugada de domingo eu atraso meu relógio uma hora. Aliás, vou aceitar a sugestão do namoradinho de Nery. Muito gentilmente ele me sugeriu que eu não esperasse as duas horas da madrugada para fazer isto, pois eu podia fazer na própria noite de domingo.
Prefiro não comentar!
ahuehuahuehuahuehuahuehuahuehua

27 de outubro

Olha, até parece que eu comi canela de cachorro: tenho andado muiiiiiiiito!!!!!
Mas muito mesmo!
Tipo indo a pé todo dia até no Terreiro do Paço ou escolhendo alguns outros lugares para ir caminhando devagarinho e olhando pros lados.
Ontem encontrei o primeiro homem que me chamou a atenção (ou seja, me "falou à perereca") aqui em Lisboa. Como eu o encontrei no consultório do NOSSO psiquiatra, acabei por concluir que efetivamente eu tenho o dedo podre para homem, deixei isto para lá (ele bem que estava falando as coisas em tom mais alto, para chamar minha atenção, porque viu que eu era brasileira. Falou em ir ao Brasil, em obras que, como engenheiro, construiu no Brasil. Falou que o melhor tempo de Portugal era quando roubavam o outro do Brasil e as caravelas vinham cheias de ouro pra cá)... eu quietinha, fazendo meu tricozinho (mocinha prendada).
Putz! Nada a ver, né? Melhor levar minhas camisinhas meladas por falta de uso de volta pro Brasil do que me envolver com alguém tão ou mais doido do que eu!
Mas... "trespassado" este intervalo sexualesco, desci a Liberdadede novo.
Olhando aquelas lojas de grife e pensando: como eu sou pobre, meu Deus! Tem coisa (loja) aqui que eu nem sabia que era de grife importante (lá só tem lojão chique).
E a loja da Porsche? Que a bestona pobretona aqui achava que era só carro.
Pensei assim: esta rua não é para mim... eles estão dando pérola a porco.
Quem devia estar caminhando por esta avenida era minha amiga Maria Regina... ela, sim, ia saber reconhecer cada uma daquelas lojas chiques que tem lá.
Mas não é só de loja chique que vive a avenida da Liberdade.
Ela tem, também, seus tipos característicos.
Tem um, da cabeça raspada, com a calça sempre caindo (mas não se vêem os "documentos") que fica andando pra baixo e pra cima e gritando. Eu nunca entendo o que ele tá falando... mas, pra mim, isto não é nenhuma novidade, porque tenho de estar sempre atenta para o que os portugueses falam comigo, porque geralmente não entendo.
UM PARÊNTESE AQUI NOS TIPOS... Isto me faz lembrar quando eu fazia os créditos teóricos do doutorado e as aulas eram em espanhol da Argentina. Nos primeiros dias, eu tinha de ficar de olhos fixos e ouvidos ligados no professor, porque se eu perdesse uma palavra que fosse... fodia!... eu até podia levantar e ir embora (se não tivesse chamada... mas não era chamada para todo(a)s... gostosonas louras não precisavam ser muito frequentes), porque daí por diante eu não entendia mais nada... depois da primeira semana, eu começava até a sonhar em espanhol e a coisa melhorava.
Mas aqui em Portugal não tem jeito... eu não consigo sonhar em português de Portugal e sempre estou me deparando com situações de mico por causa do vocabulário. Não lembram do "broche" (que aqui é chamado de alfinete de peito e onde broche é boquete?). Definitivamente, não falamos - brasileiros e portugueses -o mesmo idioma.
Mas deixa isto pra lá e vamos voltar pros tipos.
Antes dos tipos eu tenho de confessar uma coisa pra vocês. Eu tô conhecendo o outono pela primeira vez na minha vida.
As árvores não estão vermelhas, donde eu devo concluir que o pessoal do Frontierville me enganou, porque, lá, as árvores ficam vermelhas no outono.
Mas tem folha pra cacete no chão.
E ainda tem aquela chuva tá-não-tá. Aquela que você olha da janela de casa e não tá e quando chega lá embaixo, tá... daí você volta em casa e pega a sombrinha e chega lá embaixo e não tá. Aí você anda mais dez metros e tá... e assim sucessivamente...
Aqui tá frio. Tem chovido e, curiosamente, notei que tem um porrilhão de sombrinha toda arregaçada largada pelas ruas de Lisboa. Como se fosse um cemitério de sombrinhas.
Mas - OUTRO PARÊNTESE AQUI - gente, fico boba com a persistência daquela puta velha lourinha que fica na esquina da Alameda Edgard de Castro. Faça chuva ou faça sol tá lá a puta, de manhã até de noite... impressionante! Ou o mercado tá bom demais, ou tá uma merda.
Ah! Puta que pariu! Eu divago demais. Eu tava falando era dos tipos.
Então... tem um velhinho que mora na avenida da Liberdade. Ele é meu e de Nery, minha comadre. Ele tem uma "casa" arrumadinha nos degraus da escada de um prédio que parece abandonado, mas não fantasmagórico. Todo dia que Nery e eu descíamos a Liberdade (quando eu conseguia fazer Maria "Angélica" Baptista Nery andar, claro!) a gente ficava observando o velhinho e reparando como ele estava ficando cada vez mais amarelo, a cada dia que passava.
Hoje eu "vi ele". Eu já tava pensando nele, por causa do frio. Pensando no que ele estaria passando com aquele frio que tava fazendo... aquela chuva doida... de repente, dei de cara com o velhinho... o mesmo amarelão de sempre... meio que sentado, meio que de cócoras... ao redor dele, um monte de pombos... e ele dividindo a comida dele com os pombos.
Cara, aquilo me deu um aperto no peito. Caralho! Eu não sabia se me tocava mais fundo a impressão de solidão de ter de se cercar de pombos para ter a sensação de que não se estava absolutamente só neste mundo... nem sabia se me doía mais o peito em ver aquele cara que não tem porra nenhuma nesta vida, a não ser aquele pacotinho que ele guarda no "armário" das escadas do prédio abandonado, dividindo o nada que ele tinha com quem tinha menos ainda.
Fiquei pensando: seria solidariedade inata? seria carência?
O caralho! Eu não quero saber o que era aquilo. Não quero ser racional. Só quero admirar aquele homem que, provavelmente nunca reparou que eu passo por ali de vez em quando, me dar as mais profundas e emocionantes lições de generosidade e de desprendimento que já recebi na minha vida.
Não chorei na rua, porque fiquei com vergonha, mas choro agora. Tenho muito que aprender com ele e jamais o esquecerei.

sábado, 22 de outubro de 2011

22 de outubro

Sábado... é uma merda... dia de ficar com a família... que família, né?
Então...
Resolvi que hoje eu ia me dar um sábado especial de presente.
Peguei o metro vermelho e fui pro Parque das Nações.
A idéia era almoçar lá e voltar pra casa, mas eu queria um pouco mais  do que isto.
Daí peguei o livro que eu tô lendo, que é muito bom e se chama "A Sombra do seu Sorriso" - se não for isto é "A Máscara da Face" (viu, Celinha Dan?) e pensei em dar uma lidinha nele por lá, também,.
Enquanto eu tava indo pensei que ainda não tinha entrado no oceanário e que um porrilhão de gente tinha falando que lá era muito legal.
Ué... então vou lá.

Antes, porém, para não perder a embocadura, eu me perdi e andei para o lado contrário e acabei parando no Pavilhão do Conhecimento. 
Depois fui no oceanário.
Nossa... que saudade de mergulhar que me deu... o lugar é perfeito! Eles reproduzem o ambiente dos oceanos e seus espécimes. Só vendo.
As fotos não fazem jus àquela beleza toda, mas eu queria dar pelo menos uma amostrinha.
Saí de lá, comi, sentei... li uns 3 capítulos do livro (tô lendo devagarinho pra ele não acabar depressa) e depois vim embora pra casa.
Muito legal o sábado. Sem família... mas legal.
Pavilhão do Conhecimento

Pavilhão do Conhecimento

Oceanário

Oceanário

Oceanário

Oceanário

Oceanário

Oceanário

Oceanário

Oceanário - O mar e eu: tudo a ver

Oceanário

Oceanário

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Aqui em Lisboa é dia 20 de outubro

...mas aqui em Lisboa tem quase uma semana que é dia 20 de outubro.
Eu sempre pensei que cada mês só pudesse ter um dia com um número único.
Só um 20 de janeiro. Só um vinte de junho. Só um 20 de setembro... mas aqui o dia 20 de outubro se arrasta a quase uma dezena de dias...
Todos eles regados de lágrimas e de lembranças profundas.
Hoje o Diego, meu único filho, está fazendo 21 anos.
É claro que o "novo" Código Civil já acabou com aquela bobagem de maioridade plena aos 21 anos... mas não deixa de ser um marco.
Tantos dias 20 de outubro foram suficientes para que eu me lembrasse o dia em que desconfiei que estava grávida, em fevereiro de 1990, do dia que eu fui buscar o resultado do PREGNOSTICON (ainda existe isto?) no laboratório, dos tranquilos quase dez meses de prenhez, sem nenhum enjôo matinal.
A única coisa que atrapalhava era o inchaço dos pés, tipo aquele que a gente compra o sapato, joga ele fora e calça a caixa.
Ah! E a faixa vermelha da beca que eu herdei do meu pai e com a qual fazia os julgamentos na Auditoria Militar que, depois que a barriga cresceu o suficiente não dava a volta na cintura e eu tinha de emendar com um "alfinete de desmazelo".
Lembrei do dia que ele nasceu e, da hora exata que o Dr. Danilo Peroba tirou ele da minha barriga, enrolou nos paninhos e chegou aquele corpinho perto da minha cara para me mostrar meu filho: eu só via aqueles olhinhos de japonês...
Lembrei do primeiro dia que eu levei ele na creche (que eu tinha escolhido a dedo), com três meses de idade e de sentar no carro, depois disto, e chorar por vários minutos, mas não havia outra opção.
Lembrei da vomitação dele (depois descobrimos que tinha refluxo), do nariz melecado (depois descobrimos que era alérgico) e da cagação (depois descobrimos que ele era é cagão, mesmo! hahahahahahaha). Méritos do Tio Paulinho (Dr.  Paulo Sérgio Machado), um doce de pessoa e de médico.
Lembrei dele andando de carro, no banco de trás, no "moisés", porque a cadeira era cara e não podíamos comprar e do escândalo que ele fazia, chorando e berrando quando fechava o semáforo e ele queria continuar no balancinho do carro.
Lembrei da primeira vez que ele segurou a chupeta com a mãozinha e também de quando a tia Norma me contou que ele tinha ficado de pé no berço pela primeira vez.
Lembrei dos nossos passeios - ele no carrinho - na av. Gil Veloso, que, então, era de paralelepípedo e o menino ficava quicando que nem um boneco de mola.
Lembrei da primeira vez que a vovó Celi cortou o cabelo dele (e de como ele tinha nascido cascudo e com as unhas grandes... claro! nem uma égua fica prenhe tanto tempo!).

Lembrei do dia que ele teve gastroenterite, com uns dois anos de idade e do pavor (mas da força) de ter de segurar o bracinho dele para o açougueiro do enfermeiro encontrar a veia. Lembrei, também, da minha comadre chegando lá de manhãzinha, para eu não ficar sozinha. E da minha mãe chegando um ou dois dias depois.
Lembrei do dia que ele quebrou o braço e da minha calma (que eu não sei de onde retirei) para, sozinha, colocar ele escorado nos travesseiros do banco de trás do carro e ir com ele sozinha para o hospital. Do choro para tirar o "retratinho" do braço que "tava com dodói" e dos gritos dele, depois, quando o médico reduziu a fratura.
Lembrei das festas da Escola Santa Adame... ele sempre participando... cantando... dançando... e eu explodindo de orgulho... ou daquelas outras (tipo a merda da festa das mães) em que ficava ele chorando no palco e eu chorando na platéia.
Teve um dia que choramos tanto que uma senhora, daquelas bem "discretas" veio se imitidar e me perguntar porque que ele tava chorando. Eu tampei os dois ouvidinhos dele com as mãos e falei com ela bem baixinho que era porque o pai dele tinha morrido. Ela saiu ganindo que nem cachorro! Sou muito má, mesmo! hahahaha...
Lembrei do primeiro dente de leite que caiu e da Fada dos Dentes, que sempre comparecia (tenho todos os dentes até hoje... não sei pra que, mas tenho... aliás, tenho o primeiro ultrassom dele (feito pela mãe da Márgia Mauro), que veio um ano depois que eu perdi meu primeiro filho).
Lembrei da primeira festa de aniversário dele, com dois anos de idade. Uma superprodução. E ele aos berros com medo do palhaço e do coelho. Mas me lembrei, também, de quando ele quis um aniversário do Aladim e a Tia Nevinha fez a roupa do Aladim para ele. O menino suava que nem tampa de marmita, mas não quis tirar a roupa o aniversário inteiro.
Lembrei do primeiro presente de Natal que ele entendeu. Meu pai e minha mãe na minha casa, no edifício Concha Dourada. Um velotrol... amarrado com um barbante... e a gente ia puxando e ele cabeceando de sono, sentado em cima... mas não podia botar ele para dormir... ele tinha de aproveitar aquele velotrol ao máximo.
Lembrei das viagens que fizemos juntos, ele deitadinho no banco de trás do carro, dormindo... acordava e perguntava: tá chegando? ...e dormia de novo...
E as coisas doidas que a gente fazia nas viagens: no Beto Carreiro, por exemplo, ele pintou o cabelo (a cabeça, porque tava raspada) de um milhão de cores.
A luta com as dietas. A cirurgia. O pré-cirurgia - a Ellen lá em casa para dar um apoio - e eu o dia inteiro na cozinha fazendo caldinho (porque que descendente de italiano faz comida quanto tá nervoso?).
Lembrei da primeira vez que ele sentou no banco da frente do carro, quando fez 10 anos de idade, se sentindo um adulto!
Lembrei de tantas outras coisas... tantos outros parentes... tantas outras aventuras... que cheguei à conclusão de que Deus tinha sido muito parcimonioso comigo... eu não precisaria de uma dezena de dias 20 de outubro... eu precisaria de 20.000 dias 20 de outubro para relembrar todas estas coisas boas, engraçadas, pitorescas e tristes que vivemos nestes 21 anos.
Então tá bom!
Valeu, Deus!
Parabéns, meu filho!
Te amo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

ÁLVARO LOURENÇO PINTO

Hoje eu quero falar desse homem aí: Álvaro Lourenço Pinto, meu avô paterno, português sabe-se Deus lá de onde.
Eu sei que de uma maneira geral os portugueses que moram aqui em Portugal estão cagando mole para quem foi para o Brasil há mais de 100 anos. Mas para nós - para a minha família - e principalmente para a Ellen, a Simone e eu - é muito importante saber alguma coisa deste homem que brotou no Brasil, calculamos que tenha sido lá por 1900.
Mais importante, ainda, eu acho, é para o Fernando, meu irmão, que colocou o nome Lourenço no filho caçula dele.
Eu já vasculhei as listas de navios de imigrantes portugueses que chegaram ao Brasil e que estão disponíveis na internet. Já consultei, via web o Arquivo Nacional, a Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo, online o Arquivo Público de Minas e, depois que cheguei aqui, em link do SEF - Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que mantém registros dos passaportes dos portugueses que emigraram para o Brasil.
Não achei o velho Álvaro em lugar nenhum.
Bom... lá pelos idos de 1900 o registro civil não era obrigatório no Brasil.
Restava-nos, portanto, procurar na igreja onde meu avô tinha se casado com a minha avó, MARIA ÂNGELO PINTO, mãe do meu pai.
Igreja de Ribeirão Vermelho, cidadezinha bonitinha lá pelo sul de Minas. Liguei para a igreja, falei com o próprio padre e ele teve tanta boa vontade que daí a umas horinhas me telefonou de vonta dizendo que tinha encontrado o registro do casamento deles. Bom... eles se casaram em 1919. Infelizmente no registro de casamento da época só constava que ele era português... mais nada...
Mas a história da minha família tem uma peculiaridade (aliás, várias): meu avô, ÁLVARO, antes de se casar com a minha avó MARIA ÂNGELO (que a gente chamava de Vó Mariinha... não vamos entrar nos detalhes do gênio dela...mas depois tem a história dos MOREIRAS (que é mais dos CRUZ do que dos Moreiras), também, para contar para vocês) tinha sido casado (e enviuvou) da tia NATALINA, que era irmã do meu avô materno OLAVO MOREIRA.
Temos, então, mais uma chance aí de saber de onde brotou este tal de vô Álvaro, que nós não conhecemos (ele morreu quando meu pai tinha 8 anos de idade).
O padre não pode olhar no dia em que fomos a Ribeirão Vermelho porque o registro desse  primeiro casamento estava no Livro 1 da igreja, que fica arquivado em Oliveira. Acabei, então, então não sabendo se tem alguma coisa naquele registro.
Pois bem... cheguei em Portugal... não sabia nada do vô Álvaro... fala-se que ele era comerciante no Porto... mas mais do que isto ninguém sabe: só que era filho de JOSÉ PINTO LOURENÇO e MARGARIDA MONTEIRO.
As pessoas que poderiam dar maiores informações já mudaram para o andar de cima.
Daí fiquei sabendo que existe uma repartição pública aqui chamada Conservatória que é mais ou menos parecida com nossos Cartórios de Registro Civil.
Por coincidência, a Conservatória Geral fica a duas quadras aqui de casa, em Lisboa.
Hoje fui lá.
Meu coração - confesso - tava aos pulos!
Era praticamente a nossa última chance de saber quem era este nosso avô.
Peguei uma senha, contei minha história e a mulher me disse que eu estava no guichê errado.
Tive de pegar outra senha. Contei minha história de novo e, infelizmente, a mulher que me atendeu disse que não tem jeito... consultou uma tal listagem e nada do vô Álvaro... recomendou que eu procurasse em casa Conservatória Distrital dos lugares onde eu achava que ele tinha nascido.
Saí jururu... Como é que eu ia saber disto?
Tomei uma séria decisão, então: de hoje em diante, meu avô Álvaro, no meu imaginário, era um pirata sanguinário que teve de sair fugido de Portugal e acabou dando com os costados no Brasil. Em lá chegando, apaixonou-se pela mansidão e placidez dos Moreiras e casou com a tia Natalina. Viveu com ela dias de glória e de amor intenso, tão intenso, que o coração dela não resistiu.
Viúvo, com filhos pequenos, comerciante (que é o que se dizia que ele era em Ribeirão Vermelho), com o coração destroçado, acabou encontrando a minha vó Mariinha.
Nunca mais pirateou.Nunca mais sangrou ninguém. E quando se deu conta de que tinha disseminado todas as suas sementes, partiu volitando para viver outras e outras e outras vidas.
Você agora é assim para mim, vô Álvaro, cujo colo eu nunca pude esperimentar, cujo nome eu nunca pude chamar e cuja voz eu nunca pude ouvir.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O nome da cidade de Fátima, em Portugal

O nome da cidade (antigamente aldeia e depois vila) vem do nome árabe Fátima (Fāţimah, Árabe: فاطمة ). Existe o conto não confirmado que a topónomo deriva de uma princesa moura local de nome Fátima que, depois de haver sido capturada pelo exército cristão durante a Reconquista, foi dada em casamento a um conde de Ourém. Aceitando o cristianismo, foi baptizada recebendo o nome de Oriana em 1158. Às terras serranas o conde deu o nome de Terras de Fátima, em memória dos seus ancestrais, e ao condado o nome de Oriana, depois Ourém.


O texto foi retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1tima_%28Our%C3%A9m%29

16 de outubro

Pra variar saímos cedo hoje do Porto.
Estava um pouco frio e nossa primeira parada foi Aveiro, famosa por seus doces e pelos canais.
Claro que eu não comi os doces, porque depois do Dom Rodrigo, que Nery e eu "quase" comemos no sul de Portugal, com um cheiro de ovo do caralho, fiquei um pouco traumatizada.
Mas os canais são lindos e tem um monte de barco, onde as pessoas fazem passeios (apesar de que os canais são estreitos).
De Aveiro fomos para Coimbra.
Engraçado... desta vez eu fiquei muito emocionaqda em Coimbra, o que não aconteceu quando eu fui com Nery. Não sei se foi porque Nery é uma palhaça, além de uma excelente companhia ou por causa do clima, mesmo.
Tinha uma turma de graduandos em farmácia fazendo campanha para arrecadar dinheiro para a formatura. Não dei muita bola para aqueles que estavam vendendo canetinhas e marcadores de livros, mas tinha tipo um conjuntinho musical na entrada da Faculdade de Direito que me emocionou.
Não sei se gostei das músicas - acho que nem entendi porra nenhuma das letras que eles cantavam - mas aquilo tudo me tocou. Talvez eu tenha ficado lembrando da minha campanha para formar na Milton Campos. No ano que vem, em dezembro, faço 30 anos de graduação... talvez tenha sido a lembrança da rifa do ovo de páscoa gigante, da bicicleta e de um morfético de um bonequinho (acho que era um bonequinho mesmo) que era rifado todo dia. Quem ganhava a prenda devolvia e a gente rifava de novo no dia seguinte.
De Coimbra para Fátima.
Aqui a Wanda contou uma historinha de porque a cidade se chamava Fátima e tinha gente falando comigo na hora e eu não entendi. Cobrei, mas ela tava ocupada e eu acabei esquecendo. Vou ver se encontro na internet. É uma daquelas historinhas românticas que eu adoro.
Fátima, inicialmente, estava prevista para ser visitada no dia 12 de outubro, mas a Wanda ponderou que como era próximo do dia 13 (que marca as aparições) a cidade estaria muito cheia e acabamos deixando para a volta.
Como sempre, muito emocionante, apesar de já ser a terceira vez que eu ia lá.
Desta vez com um lance diferente do que eu tinha visto nas outras vezes: a procissão. Tirei umas fotos da procissão e confesso que fiquei especialmente emocionada com um pai, de joelhos, com o filhinho bebê no colo, pagando promessas, do início do caminho até a Cova da Iria.
Mas, por incrível que pareça, o que mais me emocionou naquelas pessoas que eu via pagando promessas não eram os que estavam de joelhos e que tinham se comprometido, pela fé, a fazer algum sacrifício para Nossa Senhora. O que mais me tocou foram aquelas outras pessoas que se colocavam do lado do penitente, segurando-lhe a mão e seguindo com ele o caminho... numa demonstração de que, nem naquele sofrimento físico auto-imposto, aquela pessoa não estava sozinha, que tinha alguém do lado com quem podia contar. Me senti muito só! Fiquei refletindo se eu não teria feito da minha vida interior um exílio e se disto não tivessem resultado minhas relações desiguais e malfadadas.  E basta! Não preciso fazer outros comentários. Quem me conhece sabe!
Estação de Aveiro, com os painéis de azulejo

Segundo um rapaz que viajava com a gente, é o Bob Esponja

Os barcos coloridos no canal

também

Os cantores de Coimbra

Procissão em Fátima

Aqui a "ala" dos padres

sábado, 15 de outubro de 2011

15 de outubro

Visitamos hoje o Palácio da Bolsa, muito chique e todo enfeitado, mas não podia fotografar nada.
Depois passamos pela igreja de São Francisco, que é meu xodó, mas também não podia fotografar.
O mais legal foi o cruzeiro pelo Douro, passando pelas pontes. Este tem fotos.
À noite fizemos um passeio para conhecer o Porto à noite. Muito lindo!

Igreja de São Francisco

Esperando o barco

Início do cruzeiro

As fotos foram tiradas pela Patrícia, de Aracaju

Esta também

Desta vez...

...precisei usar muito pouco...

...meu bracinho mágico

Porto à noite

Apesar da pobreza da máquina, preciso comentar?

14 de outubro

Hoje saímos de Braga cedo.
Seguindo aquele lance de passar pelos santuários, paramos em Sameiro, onde visitamos uma igreja linda.
O que eu mais gostei, no entanto, foi uma estátua eqüestre de São Longuinho. Aqui a história deste santo é diferente... crê-se que a moça que der três voltas ao redor da estátua, dando pulinhos e em silêncio arruma um marido neste mesmo ano.
A igreja é de Santa Luzia e eu comprei uma estatuazinha para a minha madrinha, para que pudesse abençoar os olhos dela.
Será?
De Sameiro fomos a Guimarães, onde nasceu o primeiro rei de Portugal e visitamos o Palácio dos Duques de Bragança.
Almoçamos e seguimos para o Porto, onde paramos numa cave para provar o vinho e saber como ele é preparado.
Aqui, senhor doutor Rui, eu TOMEI vinho... hahahahaha... não resisti.
São Longuinho... não dei as 3 voltas, já aviso

Escadaria

Igreja de Santa Luzia

Réplica da gruta de Lourdes, onde apareceu Nossa Senhora

Palácio dos Duques, em Guimarães

Eu fantasiada de rei... hahahahahaha

Adorei este bequinho

...e esta igreja que, pra dizer a verdade, nem sei mais de "quem" é

e as muralhas, que eu sempre amo! Acho que já atirei muita flecha de muralhas em outras vidas

Vinho do Porto... bebi, sim... só um pouquinho

Dia 13 de outubro


Dia de Santiago de Compostela.
Achei um pouco longe e fiquei razoavelmente cansada com a viagem.
Mas o lugar é lindo... mágico... cheio de prédios interessantes, do jeito que eu gosto.
Tirei algumas fotos, mas existe alguma coisa lá que a gente não consegue captar na máquina de fotografia.
Assim, preferi guardar alguma coisa na máquina mais perfeita que existe, que são meus olhos.
A igreja de Santiago é linda, com uma mistura imponderável de estilos arquitetônicos, desde a sobriedade dos romanos, passando pelo gótico e milhaaaaaaaaaaaares de purpurinas do barroco, principalmente no altar principal.
Lá nesta igreja vi uma das coisas mais legais que eu jamais vi: tem um turíbulo (gente, é aquele negócio de queimar incenso que se usa na igreja. Se alguém ainda não entendeu, é aquela pochetinha do padre que fica pegando fogo).
Só que o turíbulo de lá tem cerca de 1,50m de altura e mais de 50 quilos.
Ele fica pendurado mais ou menos em cima do altar principal e só é utilizado em dias de festas ou, então, quando alguém faz uma oferta de 300 euros.
Hoje quis Deus que alguém tivesse feito esta oferta.
São oito frades segurando oito pontas de cordas. Eles vão cadenciando e balançando o turíbulo, que vai no sentido de um pêndulo de relógio.
Enquanto isto, vai espargindo o incenso pela igreja.
Dizem que existem duas explicações para isto. A primeira é a de que o incenso é utilizado para fazer subir aos céus as orações dos fiéis, mas a mais ponderável está relacionada com os peregrinos.
Existem vários caminhos para Santiago de Compostela, desde que o túmulo dele foi descoberto no Séc. IX: pela França, por num sei aonde que eu esqueci, pelo sul de Portugal. Cada um destes percursos tem pontos onde o peregrino vai parando para tipo “carimbar” seu passaporte de peregrino. Algumas igrejas no caminho têm relíquias de outros santos e tem até uma, no caminho da França, que tem o maior pedaço da cruz de Cristo.
Estas peregrinações, como eu disse, existem desde que o túmulo de Santiago foi descoberto. Santiago foi morto e decapitado pelos romanos e dois discípulos dele levaram o corpo dele de barco até --- esqueci o nome da porra da cidade... Chegando lá, não puderam enterrar o corpo e resolveram fazê-lo no meio de uma mata. Estes dois discípulos morreram e também foram enterrados no mesmo lugar. Um dia, alguém (que agora eu não lembro mais se era um frade ou um agricultor, afinal de contas são trocentas histórias diferentes por dia) um dia percebeu uma chuva de estrelas sobre o bosque e que uma estrela iluminava especialmente determinado lugar (daí Compostela, presumivelmente campo de estrelas). Cavou-se e encontrou-se o túmulo de Santiago e de seus discípulos e ele começou a ser venerado.
 As pessoas iam a pé de suas terras para Santiago de Compostela por vários motivos: para pedir colheitas melhores para suas aldeias, por espírito de aventura, porque eram pagadores profissionais de promessas (nobres faziam a promessa e depois ficavam com preguiça de cumprir e pagavam alguém para fazê-lo), em busca de trabalho (mosteiros e igrejas que iam surgindo pelos caminhos e que precisavam de pedreiros e outros artífices).
As condições de higiene não eram das melhores e quando chegavam a Santiago de Compostela podiam dormir dentro da igreja... imaginem o cheirinho... então... o outro motivo do turíbulo era para espantar este futum.
Hoje, se a pessoa fizer os 100 últimos quilômetros para Santiago, a pé, a cavalo ou de bicicleta, pode receber a Compostela, que é a comprovação de que fez a peregrinação.
É um lugar com um comércio religioso muito interessante e, imponderavelmente, com muitas bruxas (boas, dizem eles) e duendes.
Tem também uns doces que dizem que são muito famosos.
Eu to que nem o Sílvio Santos... eu não comi... mas eu comprei e vou tentar não comer para levar para o Brasil para o meu pessoal provar.
No regresso de Santiago passamos por Viana do Castelo. Muito lindo o local.
Já to no hotel, já jantei e amanhã vou acordar tarde (06:30 horas – hoje foi às 06:15).
Uma das faces da Igreja de Santiago

Altar mór (mas não é o porta-fumeiro)

Ói só que coisa mais linda!

tamém

Porta que se abre nas festas especiais




Num é lindo?

E a parte da praia?

12 de outubro

Resolvi de uma hora para a outra que ia fazer esta viagem. Saí de Lisboa às 8 da manhã e já um pouco mais tarde parávamos em Óbidos. Gostei daquela cidade amuralhada e com um artesanato muito rico. Tinha uns paninhos tipo de crochê que eu amei, mas eu entrei na loja e a mulher não me deu a menor bola. Daí fui embora
Não... não tomei ginginha... estou em tratamento médico, esqueceram?
De Óbidos fomos para Nazareth. Conheci a igreja e o promontório e a capelinha de onde o cavalo tinha ficado com as patas no ar.
Depois descemos e fomos almoçar no centro da cidade.
Fiquei encantada com o ascensor que tem lá e que leva da praia até o promontório. Muito lindo o lugar.
Saímos de Nazareth e fomos para Braga, onde vamos ficar dias 12 e 13 (vamos embora dia 14 de manhã).
O hotel é muito legal.
A cidade é fofa, ajardinada e muito antiga e tem a igreja mais antiga de Portugal (acho que é de Portugal, mesmo)
A Wanda disse que quando se quer dizer que uma coisa é velha, diz-se que é mais velha do que a sé de Braga.
Será que é daí que vem o “mais velho do que a serra”?
Aqui a Patrícia, uma médica de Aracaju, tirou um porrilhão de fotos minhas... fez um book, pela segunda vez, porque ela já tinha feito isto em Nazareth. Gente boa, ela.
Óbidos

Óbidos

Óbidos

Óbidos

Nazareth - Capelinha

Nazareth - Igreja

Nazareth - Promontório

Nazareth - Onde o cavalo "freiou"

Promontório visto da praia - Nazareth

Nazareth - ascensor

Trote de estudantes em Braga

Jardim em Braga

Braga

Nunca visitei tanta Igreja assim...