quarta-feira, 7 de setembro de 2011

03 de setembro

E já estamos no deserto desde ontem.
Saímos para dar umas voltas e ver tudo.
O deserto ainda me fascina. Me amedronta. Me constrange e me entristece um pouco. A sensação que me dá é a de que eu também sou um grão de areia... e não deixo de ser.
Visitamos uma jaima de uma família nômade, uma antiga cidade francesa, já em ruínas e a terra dos negros de Mali, que fazem um som maravilhoso. Até dancei! Hahahahahaha
Mas eu estava com uma dor no estômago desde de manhã porque hoje é o dia que eu vou almoçar na casa do Rachid.
Muito esquisito, isto.
Não conheço ninguém, não sei falar nem um dos idiomas deles (árabe, francês e tamazigh – que é a língua dos bereberes).
Queria ter levado alguma coisa do Brasil para eles, mas acabei tendo de comprar umas lembrancinhas mesmo em Portugal.
Difícil, isto, sem saber quem eram as pessoas. Eu sabia apenas o nome e a idade aproximada de cada um deles...
Gente! Foi ótimo!
Zahra, a mãe do Rachid, estava de Ramadan (jejum) exatamente no dia do almoço,mas fez uma tajine deliciosa de frango com verduras, que comemos todos juntos, com pão, na própria tajine. Eu ganhei de presente uma tajine linda e um prato dos fossiles de lá (são fósseis que são encontrados dentro da rocha). Além disto, ganhei uma bandeira bereber e uma sacola de galletas (biscoitos) que a Zahra me deu. Vou tentar passar isto na aduana... vamos ver se cola.
Eu já tinha aprendido a falar wakha (warra), que significa ok e talmert (que significa obrigada) em bereber.
Neste dia do almoço eu aprendi o tish (não sei se é assim que se escreve, mas significa comer).
A mãe do Rachid só ficava falando pra mim o tempo todo tish, tish
A Fátima, irmã do Rachid que vai se casar este ano é um amor. De uma beleza doce, como um lago, aquela coisa assim tranquilinha. Me fez uma tatuagem linda na mão que vocês vão ver as fotos aqui. Mas, olha, depois que eu lavei a henna foi muito engraçado, porque como eu estou muito preta do sol daqui a tatuagem não aparecia muito... ainda assim ficou linda e (estou escrevendo isto no dia 06.09) ainda hoje tem traços da tatoo na minha mão esquerda.]
Por falar em mão esquerda, tem o Jamal, irmão do Rachid, que tem 24 anos e que eu descobri que além de falar um pouco de espanhol aprende português numa rapidez de dar medo.
Tem também a Bouchra, que é a mais nova e caladinha feito não sei o que.
Olha, fiquei muito à vontade e senti que fazia parte daquilo, mas o que mais me emocionou foi o abraço apertado da Fátima na hora em que fomos de volta para o hotel... velhusca e sentimentalóide, mas foi um abraço tão forte e tão caloroso que até hoje fico com os olhos cheios de lágrimas quando me lembro dele.
Bom... além disto, hoje é O DIA.
O dia de dormir no deserto.
Eu pensei que pudesse levar meu pijama... hahahahahahaha... eu sou muito tosca, mesmo.

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