Realmente eu queria fazer umas coisas lá que não tive tempo quando fui com o Europamundo.
Tenho falado todo dia com o Rachid, meu mais novo sobrinho, por adoção. Ele é um bereber (nômade), que vive em Merzouga. A família dele é típica do deserto e ele me adotou como tia (assim como já chama Nery e Diego de irmãos e Simone de tia).
Ele também está entusiasmado e diz que preparou várias "surpresinhas" para mim lá. Uma delas é ir comer na casa dele. Ele tem uma casa de barro, daquelas que eu mostrei nas fotos do Marrocos. Estou ansiosa. Ele tem três irmãos: Fátima, Jamal e Bouchra. A mãe dele é a Zahra e o pai se chama Omar.
Rachid é uma daquelas figuras inexplicáveis no mundo dos homens: nunca foi à escola e fala francês, italiano, a língua bereber e... pasmem! português.
Tenho ajudado ele com a nossa língua e ele tem feitos progressos sensíveis.
É incrível como Deus tira com uma mão e dá com a outra.
Nestas andanças para organizar minhas coisas para o Marrocos, me aconteceram coisas engraçadas e surpreendentes.
Conheci um casal de russos em frente ao El Corte Inglés. Eles não falam nada de idioma algum, a não ser arranhar o inglês, mas muito pior do que eu. Queriam ir ao shopping Amoreiras e o El Corte Inglés é longe de lá pra kct. Por incrível que pareça conseguimos nos comunicar. Não deu tempo de saber nada de pessoal sobre eles, mesmo porque a barreira da língua (a não ser para ensinar o caminho do shopping) foi praticamente intransponível.
Anteontem foi a vez de um casal da Georgia... não aquela dos Estados Unidos, mas da Europa Oriental. A mulher se chama Sveda e o marido tem um nome daqueles impronunciáveis... mas não ia adiantar muito, mesmo, porque eu não ia lembrar. Eles queriam ir ao Museu Gulbenkian. Ela é armena de nascimento e, como eu, arranhava o inglês. Foi muito legal, porque eu estava indo pros lados do museu e eles foram junto comigo.
Engraçado que quando eu falo que sou brasileira eles logo falam de carnaval, futebol e de mulher bonita. Diz a Sveda que o marido dela gosta muito das brasileiras (hahahahaha).
Eu nunca pensei que tivesse inglês suficiente na ponta da língua nem para não poder passar fome em lugar nenhum, mas tenho me surpreendido com a minha capacidade de me comunicar nesta língua.
Tô "minhoca da terra", mesmo, como diz minha amiga Rose, de Mato Grosso do Sul...dando informações de tudo para todos.
Passei uns dias meio deprimida aqui, com saudades de casa e vontade de chorar, mas agora acho que esta fase já passou. Eu me obrigo a sair de casa todo dia e tenho preferido fazer meus trajetos a pé, para gastar energia e para me ocupar.
Lisboa, apesar de "boa" - ou melhor, ótima - já não é tão surpresa assim para mim e por isto corro o sério risco de cair na rotina e isto eu não quero.
De resto, é dando faxina na casa, lavando roupa, cozinhando para mim mesma.
Quem diria que eu ia chegar na última metade da minha vida brincando de casinha...
Dona Baratinha no faxinão, com avental de espanhola (a foto é só performance, por isto o salto) |
Este é o Rachid. Vocês vão ouvir falar mais dele na minha viagem ao Marrocos. |
Uma delícia ter lido todos esses comentários... Muito muito legal Mô... te amo, bjo
ResponderExcluirFiquei mais próxima de vc e seu cofaçãoce ouro ,depois do Cuia do que nos 12 anos anteriores..Feliz de te ver feliz !! MARIA REGINA JACOB
ResponderExcluirRê, querida, a exposição da viagem está sendo fácil.
ResponderExcluirDifícil, mesmo, para mim, particularmente, é a exposição da alma, sem aquela obrigação de ser feliz o tempo todo e de gostar o tempo todo.
Sou abençoada por estar realizando um sonho tão antigo e por ter amigos como você!